Perdi a conta de quantas vezes me afoguei no lago onde são guardadas as lagrimas não choradas...
Penso alguns meses...
Penso no dia de ontem... Penso e me recordo da aparência de um menino... Negro, homossexual, vivendo nas ruas dessa grande cidade. Invisível!
Penso e logo me recordo de outros tantos, como forma o subproduto do capitalismo, em contraste com essa grande e bonita metrópole, assistimos diariamente a margem tao próximo... É importante não esquecer o quão perto está dos nossos olhos, essas vidas, entre outras tantas, tornando fatos banais e comuns, o que jamais deveria acontecer...
Eu diria que perdi a conta de quantas vezes me afoguei no lago onde são guardadas as lagrimas não choradas, por nao consegui compreender algumas dessas realidades, inimagináveis até pra mim, e venhamos e convenhamos que minhas verdades não tão distantes, eu cresci e vivo em um bairro do extremo leste da cidade que sofre grande exclusão: educacional, social, racial, cultural e de saúde, bairro do qual vieram muitos desses meninos e meninas para se encontrarem no centro com muitos outros de outros extremos da cidade.
Penso muitas vezes por que se preocupar? Por que trabalhar nessa areá que foi criada para aparar os erros ou reduzir os danos? Chega a ser irônico até...
Gracas tenho outro folego, sou humanista, não acato nem sigo doutrinas, sou artista e a soma é pra somente o necessário dentro do que acredito, na educação, não na educação que todos conhecemos, constitucionalizada, nem no modelo de arte que temos em mercado, claro que não. Eu acredito no contemporâneo, a arte dos viadutos que temos e que vemos livre pra quem quiser olhar no céu aberto...
Eu acredito na diferença que pode ser causada em uma simples caminhada de sexta feira 13, na chuva até abaixo de um viaduto, que já chegamos visitar algumas vezes, porém nunca encontrado tão vazio e pós morte.
Ao ato que foi realizado no dia 13 de marco, gostaria de parabenizar a todos que participaram e dizer que como forma poética, politica, física e filosófica a luta continua até que não tenhamos mais que conviver com tantas injustiças e desigualdades.
Bem como fotografia não é só memoria e arte, mas é também resistência e luta! Deixo meu trabalho pra quem quiser conferir, breve as fotos terão uma continuidade do meu trabalho artístico e poético. A luta continua!
O que ficou foi o vazio, a lembrança, a saudade e a esperança de dias melhores, entre os homens, nessa vasta terra...
Fotos e texto: Jana No Hibi
Outros trabalhos fotográficos em: https://www.flickr.com/photos/93761588@N07/